A intensificação da guerra tarifária entre Estados Unidos e China, marcada pelo recente aumento das tarifas de importação por ambos os países, tem provocado efeitos em cadeias produtivas ao redor do mundo. No Brasil, e especialmente no Maranhão, os reflexos dessa disputa já começam a ser observados com atenção por especialistas e produtores.
O estado, que integra a região do Matopiba — nova fronteira agrícola brasileira composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia —, pode se beneficiar diretamente do redirecionamento das importações chinesas, sobretudo no setor do agronegócio. Com a imposição de tarifas de até 145% pelos EUA e 125% pela China, o país asiático tende a aumentar sua dependência de fornecedores alternativos, como o Brasil.
Nesse cenário, a produção maranhense de grãos, especialmente soja e milho, tende a ganhar espaço no mercado internacional. “A China buscará compensar sua demanda em países fora dos Estados Unidos, e isso cria uma janela de oportunidade para o Maranhão ampliar sua presença nas exportações agrícolas”, explica um analista de comércio exterior.
Outro possível reflexo positivo está relacionado ao Porto do Itaqui, em São Luís. Considerado um dos principais corredores logísticos do Norte e Nordeste, o porto poderá ver crescer significativamente o volume de embarques de grãos destinados à China. A movimentação extra pode gerar aumento de receita, empregos e novos investimentos na infraestrutura portuária e de transporte da região.
No entanto, nem todos os efeitos são positivos. A guerra tarifária também acarreta incertezas e impactos indiretos, principalmente na cadeia de insumos agrícolas. O aumento da volatilidade nos mercados internacionais pode afetar os preços de fertilizantes e defensivos, muitos dos quais são importados. Isso pode elevar os custos de produção no campo, impactando o equilíbrio financeiro dos produtores locais.
Especialistas alertam ainda que o momento exige planejamento estratégico por parte do governo estadual e do setor privado. “É preciso investir em infraestrutura, logística e na diversificação de mercados, para que o Maranhão possa se posicionar como um player relevante nesse novo cenário global”, acrescenta o economista da Fundação de Estudos Regionais (FER).
Diante da instabilidade nas relações comerciais entre as maiores economias do mundo, o Maranhão vê surgir uma oportunidade única de fortalecer sua economia — desde que esteja preparado para lidar também com os desafios que virão com ela.