
O Instagram, plataforma pertencente ao grupo Meta, entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) dados de conversas e perfis de contas associadas a advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. A medida atende a uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que investigam uma possível tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Os registros enviados incluem trocas de mensagens diretas, além de detalhes de perfis e interações feitas na plataforma. As conversas teriam ocorrido entre advogados de Bolsonaro, de Mauro Cid e outros interlocutores, durante o período crítico das investigações que apuram articulações contra o resultado das eleições presidenciais.
A obtenção desse material digital reforça o cruzamento de informações já em posse da Polícia Federal (PF), que trabalha com a delação premiada de Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro revelou, em seu acordo de colaboração, a existência de uma rede de comunicação entre militares, políticos e assessores jurídicos para tratar de temas como a elaboração de decretos golpistas e o monitoramento ilegal de autoridades.
O conteúdo das conversas obtidas pelo Instagram deverá agora ser analisado pelos investigadores e poderá ser confrontado com gravações de áudio, vídeos e outras mensagens trocadas entre os envolvidos.
Em reação à revelação da coleta de dados pela Meta, a defesa de Jair Bolsonaro manifestou preocupação com o que considera “vazamentos seletivos” de informações sigilosas. Advogados ligados ao ex-presidente alegam que não tiveram acesso integral ao conteúdo da delação de Mauro Cid e denunciam cerceamento do direito à ampla defesa.
Além das investigações sobre a tentativa de golpe, o material entregue também poderá ser utilizado em outros inquéritos em andamento, como o que apura a fraude nos cartões de vacinação e o caso das joias sauditas, nas quais o nome de Mauro Cid também aparece como peça central.
O envio desses dados marca mais uma etapa da colaboração entre as plataformas de tecnologia e o Judiciário brasileiro em casos de alta repercussão política. O STF ainda deverá decidir sobre a forma de inclusão desses novos elementos nos processos e se os advogados citados nas conversas serão convocados a prestar esclarecimentos.