
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta segunda-feira (19) uma nova fase do julgamento que apura a tentativa de golpe de Estado articulada após as eleições presidenciais de 2022. Entre os nomes que serão ouvidos como testemunhas de acusação estão ex-comandantes das Forças Armadas, incluindo integrantes de alta patente do Exército e da Aeronáutica que ocuparam cargos estratégicos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O depoimento dessas figuras-chave é considerado crucial para esclarecer a extensão do envolvimento de militares e ex-assessores palacianos no plano que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A expectativa é de que as falas tragam detalhes sobre reuniões realizadas no Palácio do Planalto, pressões internas nas Forças Armadas e possíveis tentativas de mobilização militar para sustentar medidas inconstitucionais.
Entre os convocados para prestar depoimento estão o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e o tenente-brigadeiro do ar Carlos Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica. Ambos deixaram os cargos ainda durante a transição de governo e, segundo fontes próximas à investigação, resistiram a tentativas de adesão ao plano golpista.
Os depoimentos estão sendo colhidos em sessões reservadas por motivos de segurança institucional, mas a Corte deve divulgar trechos públicos ao longo da semana. Segundo ministros do STF, o objetivo é garantir máxima transparência em um processo que toca o cerne da estabilidade democrática brasileira.
A próxima etapa do julgamento está marcada para o dia 22 de maio, quando será a vez das testemunhas de defesa. Entre os nomes arrolados estão aliados políticos do ex-presidente, militares da reserva e ex-assessores da Presidência, que tentarão minimizar a gravidade das ações imputadas aos réus.
O julgamento é considerado um dos mais relevantes da história recente do STF, com potencial para redefinir os limites entre a atuação política e militar no país. A Corte busca traçar uma linha clara contra qualquer tentativa de subversão institucional, reforçando o compromisso com o Estado democrático de Direito.
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, já declarou que há “robustos indícios” de que houve uma articulação sistemática para abalar as instituições. A expectativa é de que os trabalhos avancem ao longo dos próximos meses, com novas fases de instrução, alegações finais e, por fim, o julgamento dos acusados.