
A Procuradoria-Geral da República (PGR) revelou nesta terça-feira (26) que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente vivendo nos Estados Unidos, estaria envolvido em uma articulação internacional com o objetivo de pressionar autoridades brasileiras, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A denúncia reforça a decisão do ministro Moraes de abrir um inquérito para investigar o parlamentar por crimes como coação, obstrução de investigação penal e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito.
De acordo com a PGR, Eduardo Bolsonaro tem mantido contato frequente com empresários, parlamentares norte-americanos e integrantes do governo dos Estados Unidos — incluindo aliados próximos do ex-presidente Donald Trump — para tentar influenciar a política externa americana contra o Brasil. A estratégia incluiria pedidos formais para que os Estados Unidos adotem medidas contra autoridades do Judiciário brasileiro, em especial Alexandre de Moraes, que é relator das ações penais relativas à tentativa de golpe de Estado de 2022. Entre os réus desses processos está o ex-presidente Jair Bolsonaro, pai de Eduardo.
As medidas cogitadas pelos aliados do deputado incluem desde a revogação do visto de entrada de Moraes nos Estados Unidos até sanções mais severas, como o bloqueio de eventuais contas ou bens em território americano. A ofensiva ganhou força após declarações do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que afirmou em 21 de maio que o governo norte-americano avalia “medidas internacionais” contra autoridades brasileiras, citando diretamente o ministro do STF.
A movimentação é vista com preocupação por autoridades brasileiras, que consideram a tentativa de internacionalização de conflitos institucionais uma grave ameaça à soberania e ao equilíbrio democrático. A PGR sustenta que tais ações extrapolam os limites da liberdade de expressão e configuram tentativa de intimidação do Poder Judiciário.
Em sua decisão, Moraes classificou os atos como “estratégia coordenada de desestabilização institucional” e determinou diligências para apurar o envolvimento de Eduardo Bolsonaro com grupos estrangeiros. O ministro também destacou que o fato de o parlamentar estar fora do Brasil não o isenta de responsabilidade, e que medidas legais serão adotadas para garantir a apuração dos fatos.