
Morreu nesta terça-feira (22), aos 76 anos, o cantor britânico Ozzy Osbourne, vocalista do Black Sabbath e um dos nomes mais influentes da história do heavy metal. A informação foi confirmada por sua família em um comunicado oficial divulgado pela imprensa britânica. “Ozzy faleceu em paz, cercado pela família, com amor e dignidade”, diz a nota assinada por sua esposa Sharon e seus filhos, Jack, Kelly e Aimee.
A causa da morte não foi divulgada, mas Osbourne enfrentava sérios problemas de saúde nos últimos anos, incluindo um diagnóstico de Parkinson, lesões na coluna e mobilidade comprometida. Em fevereiro deste ano, ele afirmou: “Não consigo mais andar, mas continuo vivo. Minha voz está forte e eu ainda tenho algo a dizer.”
Um adeus planejado: o último show
Em um gesto simbólico e comovente, Ozzy protagonizou, no início do mês, um momento histórico: o show de despedida Back to the Beginning, em 5 de julho, em Birmingham, sua cidade natal. A apresentação reuniu a formação clássica do Black Sabbath pela primeira vez em duas décadas, em um evento beneficente que lotou o Villa Park e contou com transmissão mundial.
Mesmo debilitado fisicamente, Ozzy subiu ao palco em um trono estilizado, com ajuda médica e suporte da equipe técnica, mas cantou com a mesma entrega de décadas atrás. O show contou com participações especiais de bandas como Metallica, Pantera, Gojira, Slayer, Anthrax e Judas Priest, e teve curadoria do guitarrista Tom Morello.
Os recursos arrecadados – cerca de 140 milhões de libras – foram doados a instituições que apoiam pesquisas sobre Parkinson, hospitais infantis e cuidados paliativos. Foi a despedida ideal: grandiosa, emocional e com o peso simbólico de quem sabia que aquela seria sua última aparição diante do público.
O homem que moldou o metal
Nascido John Michael Osbourne em 3 de dezembro de 1948, em Aston, subúrbio de Birmingham, Ozzy foi um dos fundadores do Black Sabbath, banda que criou as bases do heavy metal com álbuns como Paranoid (1970), Master of Reality (1971) e Vol. 4 (1972). Sua voz sombria e suas letras carregadas de crítica social, religião e fantasia tornaram-se marca registrada do gênero.
Expulso do Sabbath em 1979, iniciou uma carreira solo de enorme sucesso, lançando clássicos como Blizzard of Ozz e Diary of a Madman. “Crazy Train”, “Mr. Crowley” e “No More Tears” tornaram-se hinos que atravessaram gerações. Nos anos 2000, ganhou nova notoriedade com o reality show The Osbournes, exibido na MTV, que apresentou ao mundo seu cotidiano excêntrico e familiar.
Ozzy foi introduzido duas vezes ao Rock and Roll Hall of Fame: como membro do Black Sabbath, em 2006, e como artista solo, em 2024 — consagrando um legado incomparável no rock.
Um legado eterno
Ozzy Osbourne não foi apenas o “príncipe das trevas” do metal. Ele foi o arquétipo da rebeldia, da autenticidade crua e da entrega total à arte. Com mais de 100 milhões de discos vendidos, dezenas de turnês mundiais e uma legião global de fãs, sua influência se estende por muito além da música.
Sua imagem — ora polêmica, ora humana — contribuiu para transformar o heavy metal em um movimento cultural, transcendendo gerações e estilos. O episódio em que mordeu a cabeça de um morcego durante um show em 1982 tornou-se símbolo de sua imprevisibilidade e do culto em torno de sua figura.
Homenagens e comoção
Após o anúncio da morte, artistas do mundo inteiro prestaram homenagens. James Hetfield, do Metallica, declarou: “Ozzy era a ponte entre o rock e o abismo. Sem ele, o metal talvez nem existisse como conhecemos.” Bruce Dickinson, do Iron Maiden, chamou-o de “imortal na alma do gênero”.
O governo britânico anunciou que a prefeitura de Birmingham planeja erguer uma estátua em sua homenagem, e as redes sociais foram tomadas por tributos de fãs com a hashtag #ThankYouOzzy.
Fim de uma era
Ozzy Osbourne morreu como viveu: intensamente, deixando um rastro de acordes pesados, histórias absurdas e, acima de tudo, música inesquecível. Seu último show foi uma despedida à altura de sua trajetória: poderosa, corajosa e profundamente comovente.
Como disse uma vez o próprio Ozzy, em entrevista:
“Quando eu morrer, quero que lembrem que eu nunca desisti. Que eu fui até o fim, cantando.”
E foi exatamente assim.