Maranhão – A ascensão meteórica de Lahesio Bonfim ao cenário político estadual em 2022 foi, para muitos analistas, mais fruto de insatisfação popular com os grupos tradicionais do que de mérito real do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes. Vendido como novidade e outsider, Bonfim conquistou expressivos 24,87% dos votos na eleição para o governo do Maranhão, mas seu desempenho nas urnas mascarava a fragilidade de um projeto político raso, personalista e sem estrutura.
Desde o início, Lahesio demonstrava sinais claros de despreparo para assumir um estado com os desafios e a complexidade do Maranhão. Sua experiência administrativa, restrita a um pequeno município com pouco mais de 4 mil habitantes, foi supervalorizada, enquanto seu discurso conservador, muitas vezes pautado em frases de efeito e moralismo simplista, carecia de propostas concretas e viáveis para a gestão estadual.
Além disso, a trajetória errática por nove partidos diferentes – incluindo PSC, PTB, Agir e, recentemente, o Novo – evidenciou a falta de firmeza ideológica e o oportunismo político. Essa instabilidade partidária não apenas prejudicou sua articulação política, mas também escancarou sua incapacidade de formar alianças duradouras ou de se posicionar de forma coerente diante dos desafios do Maranhão.
Seu suposto perfil de direita tampouco se consolidou. Em vez de assumir uma posição clara, Lahesio tentou surfar na popularidade do bolsonarismo sem declarar apoio direto ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O resultado foi a perda de credibilidade entre os eleitores conservadores e o distanciamento dos setores mais ideológicos da direita no estado.
Enquanto isso, ganha força nos bastidores e nas ruas o nome de Felipe Camarão, atual vice-governador e ex-secretário de Educação, como provável candidato ao governo em 2026. Camarão reúne apoio popular, base política sólida e o aval de figuras estratégicas como o governador Carlos Brandão e de prefeitos pelo interior do estado. Sua candidatura desponta como um projeto consistente de continuidade administrativa com viés progressista – o oposto do que Lahesio representa.
Atualmente, Lahesio tenta se reposicionar através do Partido Novo, mas enfrenta um cenário desfavorável. Sua imagem de “salvador da pátria” já não convence, e a realidade expôs o que muitos já sabiam: nunca houve ali um projeto sólido de governo, apenas um discurso vazio embalado pelo descontentamento momentâneo de parte do eleitorado.
O “derretimento” de Lahesio Bonfim não é uma surpresa, tampouco uma injustiça. É o desfecho natural de uma candidatura que, desde o início, se mostrou mais barulho do que conteúdo – mais símbolo do antipetismo do que alternativa viável para governar o Maranhão.