
Praça João Lisboa, fim de tarde. Juca lê o jornal com um olhar atravessado. Judith saboreia um suquinho de juçara e abana-se com um leque de palha.
JUCA:
Judith, tu soube da última? Agora tem marido no Maranhão que virou despesa obrigatória no orçamento familiar!
JUDITH (curiosa):
Que conversa é essa, homem?
JUCA (balançando o jornal):
Pois é. A deputada ali da Assembleia tem que transferir todo mês uns 40 mil conto pro marido. Todo mês! Diz que é amor… ou prestação.
JUDITH (com ironia):
Ahhh, então é tipo pensão ao contrário? Em vez de separar e pagar, junta e transfere?
JUCA:
Exatamente! Só que ele não tem nem ocupação, nem cargo, nem função. Vive é rodando de Hilux pela cidade, ostentando em bares, comprando amores momentâneos e dizendo que “vou para a península, que aqui só tem gente feia”…
JUDITH (rindo):
Soube que ele fez até procedimentos para aparentar ser mais jovem!
JUCA:
E eu aqui, Judith, catando moeda no fundo do sofá pra comprar meu mingau de milho…
JUDITH:
Homem, tá esperando o quê? Vira “marido remunerado” também! Bota tua candidatura de esposo oficial na praça. Quem sabe uma vereadora não te contrata?
JUCA (com ar sonhador):
Rapaz… se o salário for esse, eu viro até “esposo de confiança”, com cartão corporativo e tudo!
JUDITH (encerrando com o olhar debochado):
É Maranhão, meu filho. Aqui a única coisa que não falta é criatividade pra ganhar dinheiro… sem trabalhar!