
Milhões de americanos saem às ruas em defesa da democracia e contra o autoritarismo de Donald Trump.
Manifestantes denunciam autoritarismo e corrupção; republicanos chamam atos de “antiamericanos”
Neste sábado (19), milhões de pessoas de todas as idades e regiões dos Estados Unidos participaram dos comícios “No Kings” — uma série de protestos massivos contra o que organizadores chamam de tendências autoritárias e corrupção no governo de Donald Trump.
Os atos ocorreram em mais de 2.600 cidades, reunindo desde famílias com crianças até veteranos de guerra e aposentados. Em Nova York, a Times Square foi tomada por mais de 100 mil pessoas, segundo a polícia local, que destacou o caráter pacífico e festivo das manifestações, com fantasias, bandeiras e cartazes com frases como “No Kings since 1776” — uma referência à independência americana e à rejeição de qualquer figura de poder absoluto.
🔥 “Não temos reis”: o grito pela democracia
“Não há nada mais americano do que dizer ‘não temos reis’ e exercer o direito de protestar pacificamente”, afirmou Leah Greenberg, cofundadora da organização Indivisible, que coordenou os atos.
Os comícios reuniram milhares de pessoas em Boston, Filadélfia, Atlanta, Denver, Chicago, Seattle e Los Angeles, com multidões coloridas e clima de carnaval político. Em San Diego, cerca de 25 mil pessoas marcharam em silêncio por um quilômetro em defesa da democracia.
Apesar da dimensão do movimento, poucos incidentes foram registrados, e as forças de segurança mantiveram um perfil discreto.
💬 “Sou republicano, mas não posso apoiar isso”
Entre os manifestantes, muitos ex-eleitores republicanos expressaram desilusão com Trump.
“Tudo o que eu defendi servindo nas forças armadas parece estar em risco”, disse Kevin Brice, veterano militar de 70 anos em Portland, vestindo um moletom com o lema “No Kings since 1776”.
O também veterano Daniel Gamez, 30, que serviu no Iraque e no Afeganistão, participou dos protestos em Houston:
“Eu não entendo o que está acontecendo nesta nação. Quero mostrar meu apoio à democracia e lutar pelo que é certo.”
Já o aposentado Steve Klopp, de 74 anos, usava uma camisa com a frase “Ex-Republicano”.
“Minha família sempre foi republicana, mas o que está acontecendo é insano. Nunca imaginei me afastar do meu partido.”
🗽 Atos marcam reação à escalada autoritária
Os protestos “No Kings” ganharam força após medidas polêmicas do governo Trump, como a militarização da imigração, perseguição a adversários políticos e tentativa de pressionar universidades e a imprensa.
A professora Dana Fisher, especialista em movimentos sociais da American University, previu que os comícios deste sábado poderiam se tornar uma das maiores manifestações políticas da história moderna dos EUA, com até 3 milhões de participantes.
O movimento também recebeu apoio de figuras democratas como Chuck Schumer e Alexandria Ocasio-Cortez, que destacaram a importância de “defender as instituições e o Estado de Direito”.
⚖️ Reação do governo e aliados de Trump
Enquanto o presidente Donald Trump evitou comentar diretamente os protestos, ele disse à Fox Business que “não é um rei”, minimizando as críticas.
Já o presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, classificou as manifestações como “comícios de ódio à América”, acusando os organizadores de fomentar divisões e “ameaçar a estabilidade política do país”.
Outros republicanos responsabilizaram o movimento pela “atmosfera de hostilidade” que, segundo eles, poderia estimular novos atos de violência política — um temor reforçado após o assassinato recente do ativista de direita Charlie Kirk, aliado de Trump.
🌎 Movimento em expansão
O “No Kings” teve sua primeira grande edição em junho deste ano, coincidindo com o aniversário de Trump e um desfile militar em Washington.
Agora, o movimento ressurge com ainda mais força, refletindo o profundo racha político e social nos Estados Unidos — e um apelo crescente pela preservação da democracia.
“Queremos mostrar que a América pertence ao povo, não a um homem”, declarou Kelly Kinsella, manifestante em Denver, vestida como a Estátua da Liberdade com lágrimas vermelhas pintadas no rosto.
Fonte: Agência Reuters