
A falta de comunicação entre as redes de saúde municipal de São Luís e a estadual do Maranhão voltou a custar uma vida. Desta vez, a vítima foi Thayanne, uma jovem que chegou à UPA do São Francisco (conhecida como “Socorrinho”) com fortes dores de cabeça e precisando urgentemente de um atendimento mais especializado. A unidade, no entanto, não dispunha dos insumos e equipamentos necessários para o tratamento, e Thayanne precisou aguardar por uma vaga em hospitais municipais de maior complexidade, como o Socorrão I ou II.
Sem leito disponível na rede municipal, a paciente deveria ter sido encaminhada via regulação para qualquer hospital da rede pública, seja estadual ou municipal. Contudo, o que acontece na prática é diferente: a falta de integração entre os sistemas faz com que pacientes permaneçam aguardando apenas por vagas dentro da rede municipal, ainda que seu estado de saúde demande urgência. A consequência, neste caso, foi fatal.
Esse não é um caso isolado. Há poucos meses, outro episódio escancarou a fragilidade do sistema. Uma paciente com quadro cardíaco grave deu entrada na mesma unidade do São Francisco, quase em falência múltipla. A equipe médica conseguiu estabilizar a mulher e indicou a necessidade imediata de transferência para uma UTI. A família, por conta própria, conseguiu vaga em um hospital estadual e providenciou até uma ambulância com UTI móvel. Mesmo assim, a paciente não pôde ser transferida porque a regulação municipal se recusou a autorizar a saída para a rede estadual, mantendo-a em uma longa e angustiante espera por uma vaga na rede municipal.
Os dois casos revelam uma falha grave na política de integração entre os sistemas de saúde de São Luís e do Maranhão. Apesar de existirem protocolos para garantir o atendimento humanizado e ágil aos pacientes, a burocracia e a falta de diálogo entre as esferas municipal e estadual têm colocado vidas em risco — e, como no caso de Thayanne, têm resultado em tragédias evitáveis.