
Ex-assessor de comunicação de Jair Bolsonaro é afastado do partido após críticas à ex-primeira-dama virem à tona e causarem desgaste na cúpula liberal.
O Partido Liberal (PL) confirmou nesta segunda-feira (20) a demissão de Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo Jair Bolsonaro e um dos principais aliados do ex-presidente. A decisão ocorre após o vazamento de mensagens privadas em que Wajngarten faz críticas a Michelle Bolsonaro, esposa de Jair Bolsonaro e uma das vozes mais influentes no partido atualmente.
As mensagens, cujo conteúdo não foi oficialmente divulgado, circularam entre integrantes da legenda e foram interpretadas como uma tentativa de minar a crescente projeção política de Michelle, que tem assumido papéis de destaque, especialmente à frente do PL Mulher. Fontes próximas à presidência do partido afirmam que os comentários de Wajngarten foram considerados “inadequados” e incompatíveis com a imagem de unidade que o PL tenta preservar.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, agiu rapidamente para conter o mal-estar e selar o afastamento de Wajngarten. Em nota curta, o partido informou que “não tolera ataques entre seus quadros e trabalha para manter o respeito mútuo entre seus dirigentes e colaboradores”.
Wajngarten era figura de confiança de Bolsonaro e atuava nos bastidores como elo entre o ex-presidente e setores da imprensa, além de ser ativo nas redes sociais em defesa do bolsonarismo. Sua saída expõe uma fissura interna no grupo, cada vez mais marcado pela disputa de espaço e protagonismo após a inelegibilidade de Jair Bolsonaro.
Michelle Bolsonaro, que tem ampliado sua atuação política e já é cotada como possível cabeça de chapa em futuras eleições, ainda não se pronunciou sobre o caso. Pessoas próximas à ex-primeira-dama, no entanto, relatam que ela considerou as declarações como uma traição pessoal e política.
A demissão de Wajngarten não apenas marca o fim de uma parceria histórica no bolsonarismo, mas também sinaliza que o PL está disposto a proteger o espaço político conquistado por Michelle Bolsonaro, vista hoje como um dos principais ativos eleitorais da direita para os próximos anos.
Nos bastidores, dirigentes admitem que o partido vive um momento delicado, em que precisa equilibrar lideranças tradicionais, como a de Bolsonaro, com novos nomes em ascensão. A crise envolvendo Wajngarten pode ser apenas o primeiro de outros embates internos que o PL terá de administrar no caminho até 2026.